quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Campanha busca conscientizar população em relação ao uso excessivo de sal


O consumo diário do produto no Brasil atualmente é de 12 gramas, enquanto o recomendado pela Organização Mundial de Saúde é de apenas 5 gramas
Fonte: Ascom/MS
A campanha “Menos sal. Sua saúde agradece!” foi lançada nesta terça-feira (26), por meio de uma parceria entre o Ministério da Saúde, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Associação Brasileira de Supermercados (Abras). O evento foi realizado durante a cerimônia oficial de abertura da 30ª ExpoEcos, que reúne supermercados das regiões Centro-Oeste e Norte, em Brasília (DF). 

“A campanha trabalha a conscientização dos consumidores e empregados dos estabelecimentos comerciais em relação aos malefícios do consumo excessivo de sal, trazendo orientações para o uso racional do sal, como a retirada do saleiro da mesa e o uso de temperos naturais”, explicou Patricia Jaime, coordenadora geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde. “Além de orientá-los a fazer escolhas de alimentos mais saudáveis com base nas informações dos rótulos”, completou. 

De acordo com dados da Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, o consumo diário de sal no Brasil atualmente é de 12 gramas, enquanto o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de apenas 5 gramas. “Queremos atingir esse consumo diário recomendado pela OMS até 2022, como parte do Plano de Ações Estratégicas para Enfretamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT)”, disse Patricia. 

O Plano de Ações está disponível nesta semana para consulta ampliada no Portal do Ministério da Saúde. Sociedade civil e demais parceiros podem enviar contribuições por meio de formulário específico. A intenção é traçar uma série de ações para reduzir as mortes prematuras por doenças como câncer, diabetes, doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas, responsáveis por 68% das mortes ocorridas anualmente no país. Além do impacto na mortalidade, as DCNT têm gerado perda de qualidade de vida com alto grau de limitação nas atividades de trabalho e de lazer, além dos impactos econômicos para as famílias, comunidades e a sociedade em geral. 

Um dos fatores de risco para desenvolvimento dessas doenças é a hipertensão, causada principalmente pelo alto consumo de sal. A campanha lançada nesta terça é uma das respostas ao acordo firmado em abril de 2011, no qual estão previstas medidas para o consumo consciente e promoção da alimentação saudável, entre outras. “O projeto piloto da campanha é resultado do trabalho conjunto entre o Ministério da Saúde, a Anvisa e a Abras e será realizado nos supermercados do Distrito Federal. Depois, deve ser estendida aos demais estados”, adiantou Patricia. 

COMPROMISSO – No último Dia Mundial da Saúde, celebrado em 7 de abril, as associações que representam os produtores de alimentos processados assinaram um termo de compromisso com o Ministério da Saúde para estabelecer um plano de redução gradual na quantidade de sódio presente em 16 categorias de alimentos, começando por massas instantâneas, pães e bisnaguinhas. 

O documento definiu o teor máximo de sódio a cada 100 gramas em alimentos industrializados. Algumas metas devem ser cumpridas pelo setor produtivo até 2012 e aprofundadas até 2014. No caso das massas instantâneas, a diminuição anual será de 30%. 

O objetivo é reduzir o consumo excessivo de sal (cerca de 40% do sal é composto de sódio), que está associado a uma série de doenças crônicas, como hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, problemas renais e cânceres. A recomendação de consumo máximo pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 5 gramas de sal diários por pessoa. 

Até o fim de 2011, será a vez dos biscoitos (cream cracker, recheados e maisena), embutidos (salsicha, presunto, hambúrguer, empanados, lingüiça, salame e mortadela), caldos e temperos, margarinas vegetais, maioneses, derivados de cereais, laticínios (bebidas lácteas, queijos e requeijão) e refeições prontas (pizza, lasanha, papa infantil salgada e sopas). 

Mais sete grupos de alimentos terão redução de sódio

14 de dezembro de 2011
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, juntamente com representantes da indústria alimentícia, assinou, nesta terça-feira (13/12), nova fase do acordo que prevê a redução gradual de sódio em 16 categorias de alimentos. Nesta etapa, serão detalhadas as metas para os alimentos que estão entre os mais consumidos pelo público infanto-juvenil, incluindo sete categorias: batatas fritas e batata palha, pão francês, bolos prontos, misturas para bolos, salgadinhos de milho, maionese e biscoitos (doces ou salgados). O documento define o teor máximo de sódio a cada 100 gramas em alimentos industrializados. As metas (ver no fim do texto) devem ser cumpridas pelo setor produtivo até 2014 e aprofundadas até 2016.
A redução do consumo de sódio no Brasil é uma das estratégias do governo federal para o enfrentamento às doenças crônicas, como hipertensão arterial e doenças cardiovasculares. “Esta segunda etapa do acordo reforça o projeto conjunto entre governo e indústrias para respeitar a recomendação de consumo máximo da Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de menos de 5 gramas de sal diários por pessoa, até 2020”, considera o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
A hipertensão arterial atinge 23,3% da população adulta brasileira (maiores de 18 anos), de acordo com o estudo Vigilância de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel/2010). Já as doenças cardiovasculares foram responsáveis por 319 mil óbitos em todo o país, em 2009.
PREOCUPAÇÃO – De acordo com dados do IBGE, o consumo individual de sal, apenas nos domicílios brasileiros, foi de 9,6 gramas diários, enquanto o consumo total foi estimado em aproximadamente 12g diários, o que representa mais do que o dobro do recomendado pela OMS. Esta pesquisa revelou, ainda, que mais de 70% dos brasileiros consomem mais do que 5g de sal ao dia (o equivalente a quatro colheres rasas de café), chegando este percentual a mais de 90%, no caso de adolescentes de 14 a 18 anos e adultos da zona urbana.
Os adolescentes brasileiros apresentaram consumo muito mais elevado de alimentos como salgadinhos (sete vezes maior), biscoitos recheados (perto de quatro vezes maior), biscoitos doces (mais de 2,5 vezes maior) e biscoitos salgados (50% maior) em relação aos adultos.
O acordo firmado pelo Ministério da Saúde inclui a Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia), Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias (Abima), Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) e a Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip).
MONITORAMENTO – Este segundo termo de compromisso também prevê o acompanhamento da utilização de sal e outros ingredientes com sódio pelas indústrias, de forma a assegurar o monitoramento da redução do sódio em alimentos processados. Assim, o acordo determina o acompanhamento das informações da rotulagem nutricional dos produtos e as análises laboratoriais de produtos coletados no mercado e da utilização dos ingredientes à base de sódio pelas indústrias. Além do Ministério da Saúde e das associações da indústria alimentícia, o acordo foi assinado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que ficará responsável por monitorar o cumprimento do acordo.
Veja o que estabelece o acordo para as sete categorias de alimentos:
TIPO DE ALIMENTO
TEOR ATUAL DE SÓDIO
META DE TEOR DE SÓDIO
REDUÇÃO
PÃO FRANCÊS
648mg/100g
586mg/ 100g
2,5% ao ano até 2014
BATATAS FRITAS E PALHA
720mg/100g
529mg/ 100g
5% ao ano até 2016
SALGADINHOS DE MILHO
1.288mg/100g
747mg/ 100g
8,5% ao ano até 2016
BOLOS PRONTOS
463mg/100g
Entre 204mg/100g e 332g/100g (meta varia conforme o tipo de bolo)
7,5% a 8% ao ano até 2014
MISTURAS PARA BOLOS
568mg/100g
334mg/100g (aerados), 250mg/100g (cremosos)
8% a 8,5% ao ano até 2016
BISCOITOS
1.220mg/100g (salgados), 490mg/100g (doces) e 600mg/100g (doces recheados)
699mg/100g (salgados), 359mg/100g (doces) e 265mg/100g (doces recheados.
7,5% a 19,5% ao ano até 2014
MAIONESE
1.567mg/100g
1.052mg/100g
9,5% ao ano até 2014

Estudos e Pesquisas dos alunos da disciplina Bromatologia em Saúde oferecida pela Faculdade de Farmácia da UFRJ


Miojo Turma da Mônica: “saboloso” e vitaminado

                            
     Com a correria do dia-a-dia, o tempo para o preparo das refeições torna-se cada vez mais reduzido e somos tentados a usar “produtos instantâneos” em nossa dieta. Uma das opções encontradas é o miojo, um tipo de macarrão que pode ser preparado e temperado em apenas três minutos em água fervente.
     Além da praticidade no preparo, o miojo Turma da Mônica da Nissin® destaca-se por utilizar, como estratégias de marketing em sua embalagem, a informação de um alimento fonte de vitaminas e desenhos da Turma da Mônica, tornando este produto um atrativo tanto para o público adulto quanto infantil.
     Contudo, este produto é realmente fonte de vitaminas? E será que há diferenças nutricionais entre o miojo e o macarrão tradicional?

Produto
Nissin Lámen Turma da Mônica

Quantidade por porção*
% VD**
Valor energético
375 kcal = 1575 KJ
19
Carboidratos
50g
17
Proteínas
7,4g
10
Gorduras totais
16g
29
Gorduras saturadas
7.6
35
Gorduras trans
0
-
Fibra alimentar
2,3g
9
Sódio
1999mg
83
Tiamina (Vitamina B1)
0,89mg
74
Riboflavina (Vitamina B2)
1,1mg
85
Niacina (Vitamina PP)soluvel
21g
131
Vitamina B6 (piridoxina) soluvel
1,8g
138

(*) Porção de 80g de macarrão + 5g de tempero
(**) % Valor Diário de referência com base em uma dieta de 2000 kcal ou 8400kJ.

Ingredientes da massa: Farinha de trigo enriquecida com ferro e ácido fólico (mínimo 60%), gordura vegetal, fécula de mandioca (máximo 16,5%), sal, ovo integral em pó, reguladores de acidez carbonato de potássio e carbonato de sódio, vitaminas PP (niacina), B6 (piridoxina), B2(riboflavina) e B1 (tiamina), estabilizantes tripolifosfato tetrassódico e fosfato de sódio monobásico e corante beta-caroteno.

Ingredientes do tempero em pó: Caldo de carne, sal, açúcar, batata em pó, cenoura em pó, salsa em flocos, realçadores de sabor glutamato monossódico, inosinato dissódico e guanilato dissódico e antiumectante dióxido de silício. Poder conter traços de aipo, leite, camarão, peixe, mostarda e gergelim. CONTÉM GLÚTEN.

Características:
Macarrão instantâneo feito especialmente para as crianças. Tempero com sabor suave e massa vitaminada. Três sabores: Galinha, Carne e Tomate


Legislação Brasileira e Internacional       

O Lámen Turma da Mônica é definido pela legislação sanitária brasileira, na RDC nº 14, de 21 de fevereiro de 2000, como massa alimentícia instantânea. Estes produtos precisam ser reidratados antes do consumo, porém apresentam tempo de cozimento reduzido. O Lámen Turma da Mônica possui tempo de cozimento de 3 minutos.  Além disso, o produto ainda possui como complemento seu tempero, feito a partir de ingredientes distintos da massa, que é vendido na mesma embalagem e é destinado a ser consumidos em conjunto com a massa.
            Essa resolução ainda classifica este produto quanto ao teor de umidade como massa alimentícia desidratado por fritura e quanto à sua composição como massa alimentícia mista, por possuir fécula de mandioca como substituto parcial da farinha de trigo, com seus teores limítrofes declarados no rótulo, como definido pela resolução. Por possuir glúten em sua composição, o produto fica obrigado a declarar a presença do mesmo em seu rótulo. O produto ainda possui outros ingredientes opcionais, como sal, ovo integral em pó, carbonato de potássio e de sódio, vitaminas PP, B6, B2 e B1, tripolifosfato de sódio, pirofosfato tetrassódico, fosfato de sódio monobásico e beta-caroteno.
            A utilização de vitaminas na composição do produto o classifica como um produto enriquecido, que é definido pelo “Regulamento técnico para fixação de identidade e qualidade de alimentos adicionados de nutrientes essenciais” como alimento ao qual foi adicionado um ou mais nutrientes essenciais, contidos naturalmente ou não no alimento, que pode ter como objetivo reforçar o seu valor nutritivo.  A indicação de “Fonte de Vitaminas” presente no rótulo é permitida pelo mesmo regulamento, pois o produto possui mais de 15% da Indicação Diária Recomendada (IDR) do nutriente adicionado.
            No Codex Alimentarius, há uma normatização específica para massas alimentícias instantâneas, o “Codex Standard for Instant noodles”, que não se aplica aos macarrões. A massa alimentícia instantânea é descrita como produto preparado da farinha de trigo, arroz, outra farinha ou amido como ingredientes principais. É caracterizado pelo uso de processos de pregelatinização e desidtratação, que pode ser feito através de fritura ou outros processos de desidratantes.
            O Codex Alimentarius isenta de obrigatoriedade a declaração de ingredientes que estejam presentes em teor abaixo de 5% do produto. Porém, vê-se obrigatória a declaração de produtos que conhecidamente sejam capazes de provocar reações de hipersensibilidade como peixe, amendoim entre outros. O produto apresenta a seguinte indicação ao final da lista de ingredientes: ”Pode conter traços de aipo, leite, camarão, peixe, mostarda e gergelim”. A RDC nº259 de 2002, que trata da rotulagem de alimentos embalados não dispõe sobre este tema, sendo uma das poucas diferenças encontradas entre as exigências do Codex e da ANVISA.
Por fim, é obrigatória em ambas as legislações a indicação da utilização de irradiação nos produtos quando estas forem aplicáveis. No produto em questão há a indicação de “alimentos tratados por processo de irradiação”.


Rótulo do produto


            A partir de uma leitura técnica do rótulo, podem ser encontradas as informações obrigatórias, que devem constar na embalagem como a designação do produto, “Massa alimentícia mista instantânea com tempero sabor carne”, o peso líquido do alimento e, na parte posterior, o modo de preparo do alimento, a tabela nutricional e as indicações de produto irradiado e da presença de glúten. Todos normatizados pela legislação sanitária vigente, anteriormente discutida.
             Através da análise crítica da embalagem podem ser extraídas observações interessantes quanto ao direcionamento do produto e as estratégias de marketing da empresa. Primeiramente, podemos notar que o nome da linha do produto, linha Turma da Mônica, já sugere o interesse em se atingir o público infantil.  Este direcionamento pode ser constato pela presença de desenhos, por toda a embalagem, dos personagens dos gibis infantis da Turma da Mônica. Na região frontal da embalagem,  por exemplo, há o desenho da personagem Magali, com a língua de fora, salivando ao olhar para o prato de Miojo. Esta é uma forma eficiente de utilização da linguagem não-verbal, que pode ser interpretada facilmente pelo público infantil, mesmo por crianças novas que ainda não saibam ler.
            Outra estratégia de comercialização é a adição de vitaminas à composição do produto, transformando-o em um alimento enriquecido. Esta tática é interessante, pois como será discutido futuramente, agrega valor nutricional a um produto que antes, não possuía nenhuma vantagem nutricional quando comparado ao macarrão. Com isso, a empresa contrabalanceia a idéia, largamente difundida pelo senso comum, de que produtos industrializados não fazem bem à saúde, apresentando um produto que é “Fonte de Vitaminas” e que, portanto, é “nutritivo”.
            Finalmente, a RDC ANVISA nº 259/02 diz que os alimentos embalados não podem apresentar ilustrações que possam induzir o consumidor a equívoco, erro, confusão ou engano, em relação à verdadeira natureza, composição, procedência, tipo, quantidade,qualidade, rendimento ou forma de uso do alimento. Apesar disso, observa-se no painel principal do alimento em questão, uma foto de um prato de Miojo com uma fatia de carne assada e cubos de tomate. Acima da foto há uma pequena indicação: “Foto ilustrativa. Sugestão de preparo”. Contudo, a ilustração de ingredientes que não fazem parte do produto pode gerar confusão no consumidor.


Miojo Turma da Mônica versus Macarrão tradicional

            A comparação nutricional, com base nas tabelas nutricionais fornecidas pelo fabricante, foi realizada com o miojo turma da Mônica e duas outras marcas de macarrão não-instantâneo (Espaguete 8 Adria e Espaguete Piraquê). Os valores  representam a porcentagem da IDR com base numa dieta de 2000kcal e podem ser vistos na tabela abaixo:


Miojo Turma da Mônica
Espaguete 8 Adria
Espaguete Piraquê
Valor energético
19
14
15
Carboidratos
17
20
21
Proteínas
10
11
13
Gorduras Totais
29
2
3
Gorduras Saturadas
35
2
1
Gorduras Trans
**
**
**
Fibra Alimentar
9
9
7
Sódio
83
1
1

            Ao se observar a tabela acima, nota-se que a composição dos macarrões Adria e Piraquê não apresenta diferenças significativas, ao passo que o Miojo Turma da Mônica apresenta valores discrepantes quanto à sua composição de gorduras totais, gorduras saturadas e sódio, além de possuir valor energético ligeiramente maior que o das outras massas. Com isso, conclui-se que seu consumo deve ser evitado por pessoas obesas ou indivíduos que necessitem de dietas com baixo teor lipídico e, principalmente, por hipertensos, uma vez que o consumo de uma porção do alimento fornece  83% da necessidade diária de sódio.
Esse aumento da quantidade de sódio em produtos industrializados é uma tendência que vem sendo observada nos últimos anos principalmente em países desenvolvidos nos quais o consumo per capita  de sódio pode chegar a seis vezes o valor de uma dieta com os mesmos alimentos sem adição de sal, esse aumento da ingestão de sódio é acompanhado pelo aumento da pressão arterial e, conseqüentemente, elevação do risco de acidentes cardiovasculares na população.
            Sendo assim, percebe-se que o consumo do Miojo não traz vantagens nutricionais em relação aos macarrões, pelo contrário, os nutrientes como carboidratos, proteínas e fibras do Miojo possuem teores próximos aos dos macarrões e os ingredientes que estão em maiores concentrações (sódio e gorduras) podem ser danosos à saúde.
Para diminuir a ingestão de sódio durante o consumo de Miojo, pode-se abrir mão da utilização do tempero, fazendo com que a parte do sal presente no tempero não seja consumida. O problema é que o fabricante declara a quantidade de sal total, impossibilitando a mensuração da quantidade de sal presente apenas na massa. Mesmo assim, a redução não se aplica às gorduras, pois as gorduras estão presentes na massa e não no tempero. Com isso, conclui-se que a massa alimentícia instantânea não substitui o macarrão, pois suas composições nutricionais são distintas.

                                                          

Miojo como fonte de vitaminas

As vitaminas são compostos orgânicos não sintetizados por nosso organismo e estruturalmente diferentes, que participam de processos vitais ao organismo e por isso devem ser ingeridos na dieta normal. As vitaminas são dividas em dois grandes grupos de acordo com sua solubilidade, vitaminas lipossolúveis e vitaminas hidrossolúveis. Dentre as últimas, encontram-se as quatro vitaminas adicionadas à massa do Miojo Turma da Mônica: Tiamina, riboflavina, piridoxina  e niacina.
A carência das vitaminas hidrossolúveis pode levar a quadros patológicos. As fontes naturais de vitamina são alimentos que fazem parte de nossa dieta. O fígado, por exemplo, é fonte de riboflavina, niacina e piridoxina e a tiamina pode ser encontrada em carne de porco, soja, ovos, entre outros.
O enriquecimento de alimentos com vitaminas é prática corrente das indústrias alimentícias. No caso do Miojo, o aproveitamento das vitaminas presentes no alimento dependerá da quantidade que permanecerá viável no mesmo, após o cozimento e também da absorção intestinal delas. A absorção intestinal das vitaminas hidrossolúveis é mediada por carreadores especializados no intestino. A absorção poderá ser alterada, por exemplo, em casos patológicos, alteração da flora intestinal ou com administração de medicamentos que acelerem a motilidade gastrinstestinal. A oferta dos nutrientes em quantidades condizentes com as declaradas dependerá das técnicas de produção utilizadas e do modo de preparo do alimento.
 Os processos tecnológicos pelos quais o alimento passa durante sua fabricação podem alterar o teor final e a viabilidade destas vitaminas. O macarrão, instantâneo durante seu processamento, passa pelos processos de pré-cozimento, em vaporizadores, e fritura com a finalidade de diminuir a umidade do macarrão. A exposição da massa às altas temperaturas destes processos pode levar à degradação de substâncias termolábeis. Dentre as quatro vitaminas adicionadas, a tiamina é a que mais sofre a ação térmica, sendo por isso degradada em temperaturas elevadas.     
 Adicionalmente, o cozimento da massa pode levar a perda de substâncias solúveis em água, devido à extração destas. As quatro vitaminas adicionadas à massa são vitaminas hidrossolúveis, com isso, durante o processo industrial de pré-cozimento e o cozimento posterior, para promover a reidratação do produto e seu consumo, a água em altas temperaturas, aumenta a solubilidade das vitaminas e leva à extração destas, fazendo com que a massa após o processo tenha um teor vitamínico menor que o declarado.
Ao se observar a tabela nutricional do produto, nota-se que os teores de niacina e piridoxina estão acima da IDR, podendo compensar desta forma, eventuais perdas durante a fabricação e o preparo do produto, contudo a tiamina, que é a mais sensível à temperatura apresenta o menor teor.
Por fim, apesar da possibilidade de perda de vitaminas para a água de cozimento, o modo de preparo do produto não recomenda o escorrimento do macarrão. Mesmo sendo corriqueiro o preparo do macarrão instantâneo, eliminando-se a maior parte da água do cozimento, o rótulo indica apenas a adição de 450 mL de água, o cozimento durante três minutos e a adição do tempero depois de retirada do fogo. Com isso, ao se consumir o macarrão junto com a água utilizada no cozimento, se evita a perda das vitaminas que possam estar solúveis na água, no entanto não evita-se a perda por degradação térmica.



Conclusão

            A compreensão dos aspectos discutidos anteriormente nos leva a afirmar que a substituição dos macarrões por massas alimentícias instantâneas pode trazer riscos à saúde e a única possível vantagem nutricional do Miojo é a presença de vitaminas. Contudo, como discutido anteriormente, as quantidades de vitaminas declaradas podem estar superestimadas e, adicionalmente, é no mínimo questionável a utilização de um produto calórico e com quantidades excessivas de sódio como este, como fonte de vitaminas. Uma dieta balanceada é capaz de suprir as necessidades de componentes essenciais, a utilização de produtos como o Miojo em substituição às fontes naturais de vitaminas é desaconselhável.
            Apesar das desvantagens nutricionais, pudemos observar que o Miojo Turma da Mônica obedece à Legislação Sanitária vigente e sua principal vantagem em relação aos macarrões é a praticidade e a rapidez em seu preparo.


Referências Bibliográficas

Brasil. Resolução- RDC nº 14, de 21 de fevereiro de 2000.

Brasil. Portaria n º 33, de 13 de janeiro de 1998

Brasil. Portaria n º 31, de 13 de janeiro de 1998

Codex Standard 249-2006. Codex Standard for instant noodles

Codex Standard 1-1985. General Standard for the labelling of prepackaged foods.

Alderman., M., H.. Salt, blood pressure, and Human Health. Journal of the American Heart Association. 2000.

CARVALHO., J. L. V. de., et al. Orientação para rotulagem de alimentos. São Paulo . 2006

Sacks., F., M..Effect of dietary fats and carbohydrate on blood pressure of mildly hypertensive patiens